Carolina Gouvêa e Íris Marinelli
Em pleno século XXI, uma máquina cinqüentenária garante a São João del-Rei um dos maiores sucessos na gastronomia das Vertentes: o Picolé do Amado. Uma história que começou por acaso da década 60 quando Amado Vieira, dono de uma bicicletaria, acabou ganhando de presente de um de seus clientes uma máquina de sorvete. Daí em diante, abandonou o antigo ofício para investir na sorveteria.
Negócio de família, administrado pelos filhos, depois da morte de Amado, nos anos 80, o picolé ainda mantém as receitas originais e fregueses de muitos anos. Cleide Maria de Sá, 58, afirma que há mais de trinta anos é cliente assídua da sorveteria: “Sou da época do Seu Amado. Conheci seus picolés e sempre compro aqui, desde que comecei a trabalhar no centro da cidade”.
Em finais de semana do verão, a filha de Amado, Doraci, que hoje dirige a sorveteria, diz que chega a vendar mil picolés. O cuidado é tão grande que a empresária diz que ela mesma se empenha em todo processo, desde a compra das frutas até o congelamento na máquina.
Com novos sabores, como tapioca e musse de maracujá, o Picolé do Amado renova também a clientela. “Aqui é cheio de casos assim – as famílias vêm com os filhos e ouço os pais dizerem: ‘aí meu filho, papai quando era criança vinha para cá chupar picolé com seu avô”, conta, orgulhosa, Doraci. Exemplo disso é Norton Torga, 15, que foi apresentado ao Picolé do Amado pela tia de Belo Horizonte, ainda aos seis anos de idade. Norton, por sua vez, levou o amigo Lucas Almeida, também de 15 anos, para provar seu primeiro picolé.
Mas a sorveteria não é conhecida apenas por são-joanenses. Muitos turistas visitam o local, indicados pelos hotéis e por moradores. Esse fato fez com que Fernanda Machado, 30, neta de Seu Amado, que trabalha há 14 anos na sorveteria, dedicasse sua monografia de conclusão de curso de Turismo à viabilização do Picolé como produto turístico da cidade.
Clique aqui para ouvir uma rápida entrevista com Doraci Vieira.
