Esterilização inadequada dos instrumentos de manicure pode trazer riscos à cliente
Carol Slaibi e Eduardo Maia
Gabriela Stéfani, estudante de 13 anos, apresentou sérios problemas pela esterilização inadequada dos acessórios que sua manicure utilizava. Sua mãe, a dona de casa Elizabeth dos Santos, relata que a princípio, a profissional classificou a infecção da menina como uma pequena micose, alegando não haver problemas maiores no pé da menor.
Preocupada com o inchaço e a coloração estranha da unha da filha, que não apresentava melhora, Elizabeth procurou ajuda especializada. “A podóloga tratou durante um ano, não resolveu o caso, e a unha começou a infeccionar ainda mais. Quando ela percebeu que não era da sua competência, me transferiu para um médico. Só quando fizeram uma cirurgia que o problema foi solucionado”, desabafa Elizabeth. Orientada pelo médico, Gabriela hoje não permite que tirem sua cutícula e leva seu próprio kit para limpeza das unhas.
Casos como esse são muito comuns, afinal os kits usados por manicures, como alicate, lixa de unhas e pés, espátula e palito, pode se tornar um problema para as clientes, quando não esterilizado corretamente. Os cuidados com a higienização previnem as possíveis contaminações causadas por bactérias, fungos ou doenças mais graves, como as hepatites B e C, e até mesmo a AIDS.
Manicure há quatro anos em São João del-Rei, Janaína Schiszler comenta que prefere trabalhar com 15 jogos de cada instrumento pela facilidade e praticidade que este gera ao seu trabalho. “Enquanto uso um kit, o outro está sendo esterilizado na estufa”, declara. Sobre a fiscalização para salões em São João del-Rei, a profissional afirma que existe a vistoria, mas que não é periódica. “Os fiscais vem ao salão, mas não há certeza de data. Tem dia que a gente esta no salão fazendo unha e eles aparecem”, afirma.
A esterilização dos instrumentos da manicure pode ser feita por autoclave (equipamento que permite a esterilização em apenas doze minutos) e também pelo uso de estufas. De acordo com a médica infectologista, Janaína Teixeira Nunes, “o uso das estufas é mais comum por serem mais baratas e menores. Porém, o tempo de esterilização deve ser maior do que na autoclave, numa temperatura que deve atingir 170º C”, explica.
Segundo a pesquisadora Juliana Capellazzo Romano, da Unicamp (Universidade de Campinas), no processo de higienização dos instrumentos é fundamental que se faça a limpeza do material antes da esterilização. “Para isto, é importante o uso de detergente neutro e de uma escova. O responsável pela limpeza deve analisar os locais onde existe o acúmulo de sujeira”, adverte.
Uma das recomendações feitas pelos médicos é a de que cada cliente tenha os seus instrumentos, além de fazer a limpeza do material com detergente e escova sempre que este for utilizado.
