segunda-feira, 25 de abril de 2011

Conhecendo o bullying- como uma brincadeira pode se transformar em agressão

Por Laura V. Gouvêa e Lívia G. Carvalho

“O Bullying sempre existiu, só que recebia outro nome” essa é a opinião da professora Eliana Carvalho, que trabalha com ensino fundamental há 25 anos. Palavra de origem inglesa, o Bullying não tem tradução para o português, mas é sinônimo de intimidação, ameaça ou agressão.

O primeiro estudioso a denominar as famosas chacotas e deboches como Bullying foi o professor da Universidade da Noruega, Dan Olweus, que pesquisou as tendências suicidas entre adolescentes, Olweus, percebeu que a maioria dos suicidas tinham sofrido algum tipo de ameaça ou intimidação.

Embora este fenômeno não aconteça somente em escolas, este é o ambiente onde acontecem a maioria dos relatos. Segundo a professora Eliana Carvalho, até professores cometem bullying mesmo sem perceber. “Na ânsia de ajudar meus alunos, às vezes pergunto se eles querem ser os burrinhos da sala, que eles precisam se empenhar. Fazendo isso estou cometendo o bullying sem perceber” alerta a professora.

Adolescentes que sofrem bullying geralmente não prestam queixa à Polícia, e isso se confirma quando a Assessoria de Comunicação do 38° Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais afirma não ter estatísticas precisas sobre este tipo de agressão. “Quando sofri bullying tinha medo de denunciar e quando finalmente tomei esta atitude, nada foi resolvido” afirma Maria*, hoje com 21 anos. “O temor por retaliações é tanto que as crianças e/ou adolescentes que sofrem com o bullying não tem coragem de contar nem para os próprios pais, pois tem receio de que as intimidações ou até mesmo agressões aumentem” afirma a psicóloga Vera Lucia Reis e Silva

“Depois de tantas palestras e informações, minha preocupação com este tipo de agressão aumentou. Hoje em dia me policio para não cometer bullying e fico atenta aos meus alunos para que eles também não cometam” afirma a professora Eliana Carvalho quando questionada sobre o que faz para prevenir o bullying em sala de aula.

“Geralmente as vítimas de bullying sofrem agressões por serem diferentes, seja pelo sobrepeso, por usarem óculos ou até mesmo pela sua orientação sexual, quando o motivo do bullying é o homossexualismo, isso também se configura como homofobia” é essa a afirmação do Presidente do Movimento Gay das Vertentes, Carlos Bem, que afirma ter sofrido muito este tipo de intimidação, não somente na escola, mas em vários lugares.

“Embora quem pratique o bullying intitule o ato como ‘brincadeira’, deve-se alertar que atitudes como essas podem gerar grandes tragédias” afirma a psicóloga. Uma destas tragédias em conseqüência do bullying é o caso de Wellington Menezes, que cometeu diversos assassinatos em sua antiga escola no Rio de Janeiro. Menos impactantes do que essas tragédias, pessoas que sofrem bullying acabam por acreditar que não são boas o suficiente, sofrendo tragédias pessoais, que podem prejudicar desde sua vida social até sua vida profissional.

* Maria foi um nome fictício usado para proteger a entrevistada que preferiu não se identificar

http://www.youtube.com/watch?v=gXdpZyp6B-0

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...