Violeta Assumpção
Foto: Luis Gustavo
Com pouco mais de um ano de existência, o Búfalos F. C. é o primeiro time de rugby da região das Vertentes. A iniciativa partiu de dois estudantes que fizeram um convite pela internet. E pra
quem pensa que na terra do futebol, o esporte bretão não atrai a curiosidade, no segundo encontro
foram 45 pessoas. A brincadeira foi crescendo, ficando séria, virou time e vai representar a Universidade, como UFSJ Rugby, em sua primeira competição oficial - o II Campeonato Mineiro de Rugby
O time tem atualmente 28 atletas que treinam regularmente e contam com dois grandes apoios, o da preparadora física Stéphane Zanitt e da própria força de vontade. Paulo Henrique Pereira, atleta que teve a iniciativa do convite, lembra: “a grande maioria não sabia sequer as regras básicas, nunca tinha assistido a um jogo, mas estávamos dispostos a aprender. Tínhamos apenas uma bola e um campo de tamanho reduzido e tudo não passava de um grande rachão.
Com o tempo fomos levando a brincadeira de final de semana mais a sério, queríamos melhorar tecnicamente e jogar contra outros times da região, e isso levou à criação do time”. Entre os voluntários estava Stéphane, estudante de educação física que lembra: “comecei a acompanhar
o time como parte de uma disciplina da faculdade. Isso virou um projeto que se preocupa com a interação universidade-sociedade, através do esporte”.
Preocupados em aprimorar a técnica do time, Paulo Henrique diz que “a equipe produziu uma
cartilha onde explica os pontos principais do esporte. Para isso temos estudado e acompanhado o treino de outras equipes. A internet tem nos ajudado muito nesse aprendizado. Existem três atletas responsáveis pela parte técnica; Talles Fontana (técnico geral), Geanderson Ambrósiodo, e Luiz Alberto”.
Os treinos, que acontecem todos os sábados e domingos, no Campus Dom Bosco, são abertos e atraem curiosos de todas as idades.
Video - Rugby: Por que entrar no Ruck?!
Foto: Luis Gustavo
O UFSJ Rugby irá disputar com mais nove equipes o título mineiro de 2011. Mesmo iniciantes, os atletas são-joanenses estão otimistas. A participação no torneio é muito bem vista pelos jogadores. “O campeonato é uma motivação a mais para continuarmos no caminho que vem dando certo”, afirma Talles Fontana, capitão e técnico do time.Organizado pela Federação Mineira de Rugby, o campeonato é realizado pela segunda vez. Disputarão as equipes: Belo Horizonte Rugby A e Belo Horizonte Rugby B - Belo Horizonte, Inconfidentes Rugby - Ouro Preto, Juiz de Fora Rugby Football Clube - Juiz de Fora, Uberlândia Rugby Leopardos – Uberlândia, Taurus Rugby – Uberaba, Uberlândia Rugby Clube – Uberlândia, UFLA Rugby Team – Lavras, UFSJ Rugby - São João del-Rei e Varginha Rugby Clube – Varginha.
O UFSJ Rugby está no grupo B, junto com Varginha, UFLA, Juiz de Fora e Inconfidentes. Segundo Paulo Henrique Pereira, “Varginha tem um time que destoa do resto do grupo, são mais experientes e fortes, e os grandes favoritos ao titulo. Já UFLA e JF são equipes mais equilibradas”.
Embora seja o primeiro campeonato que a equipe são-joanense participa, o time já enfrentou seus adversários oficiais em outras ocasiões. “Fizemos vários amistosos com essas equipes no segundo semestre de 2010 e evoluímos muito, acredito que estamos em um nível bem próximo. Já o Inconfidentes (UFOP) é o time mais novo do torneio. Não conhecemos eles, mas acredito que tenham se preparado forte para esse campeonato”, afirma o atleta.
Podcasting - Jogos do Campeonato acontecem em São João del-Rei
Rugby: força, respeito e tradição
Foto: Luis Gustavo
Entre os jogadores do UFSJ Rugby, existe a preocupação de esclarecer a ideia de que o rugby é um esporte violento. Para os atletas do time, técnica, comprometimento e amizade são essenciais na prática do rugby. Para ele, os adversários, na verdade, são amigos. “O principal adversário nosso é o desconhecimento do publico geral a respeito do esporte.”
Para quem tem interesse em aprender, é bom ir se acostumando com expressões em inglês. É muito comum você ouvir em uma partida alguém gritar “Entra no ruck!” ou “scrum”, “punt”, “tackle”. São palavras do idioma de origem do esporte que, mesmo com a vinda para o Brasil, são tradicionalmente mantidas. No campo são dois times com 15 atletas que disputam a maior pontuação em 80 minutos, sendo dois tempos de 40min. Os jogadores são divididos em forwards (fortes e pesados) e lines (rápidos e leves).
Paulo Henrique diz que “as equipes são parceiras e tem nos ensinado muito. Principalmente o time da UFLA e Varginha. Varias equipes tem surgido na região e uma apoia a outra em prol de um bem maior que é o esporte. Nós mesmos já fomos a Campo Belo passar um pouco do que aprendemos para o time de lá. É claro que dentro de campo nos concentramos ao máximo para ganhar do time adversário, mas sabemos que são nossos amigos e que apenas durante os 80 minutos do jogo estamos divididos”.
O atleta Allison Teixeira fala sobre uma das regras que mais o chama atenção. “No rugby, somente os capitães é que podem conversar com o juiz. Além disso, é proibido gritar ou esbravejar contra o jogador adversário”. Talvez isso mostre que, no rugby, violência e brutalidade estão fora do jogo.
