João Eurico e Quéfrem Vieira
O preço do litro de gasolina já ultrapassa os R$ 3,00 em São João del-Rei e algumas cidades da região. De acordo com a Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais), nos últimos dois meses o custo do álcool subiu 44%. Claudinei Rodrigues, gerente de um posto de gasolina no centro de São João, explica que o atual período de entressafra no qual se encontra a cana-de-açúcar gera aumento no preço do álcool, que consequentemente provoca alta no custo da gasolina, que é composta de 25% de etanol.
A professora de economia da UFSJ, Daniela Raposo, aponta, além deste, outro motivo, que seria o aumento da demanda por combustível, em virtude da expansão da ampliação de carros domésticos (via facilidade do crédito).
Foto: Quéfrem Vieira
De acordo com Claudinei, não ocorreu apenas um aumento, mas sim vários no último mês. Ele explica que os reajustes não são avisados, e que o preço novo simplesmente aparece no momento do pedido da compra: “É complicado, pois quando vamos fazer o pedido é que descobrimos que o preço subiu, e o motivo nunca nos é explicado. Apenas quando liguei para o consultor da minha distribuidora é que ele me explicou o porquê, e disse que a tendência é o preço abaixar novamente quando a produção de álcool estiver estabilizada”.
Segundo o gerente, a baixa nas vendas já é uma realidade, mesmo que nem todo o aumento tenha sido repassado ao consumidor. “Pra se ter uma ideia, minha margem de lucro no ano passado era de 46 centavos, e agora já caiu para 33. Mas por mais que estejamos segurando o preço, o consumo de combustíveis já diminuiu bastante”.
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) o preço médio da gasolina em Minas Gerais era de R$ 2,64, até o mês passado. Com o aumento, o uso do álcool como combustível torna-se menos atraente, especialmente para aqueles que possuem veículos com o sistema flex. Em São João del-Rei, já há postos vendendo o litro da gasolina por R$3,09, e o álcool à R$2,60.
Foto: Quéfrem Vieira
Segundo Daniela, o combustível deve ser entendido como um insumo, uma matéria prima necessária para a economia literalmente andar, então se o preço do mesmo sobe, aumentam-se também os custos de produção e por tabela todos os demais preços.A situação se complica ainda mais para aqueles que necessitam do uso constante de veículo. Juliano Souza explica que o aumento da gasolina pesa muito em seu orçamento, já que 40% dele é destinado à compra de combustível. “Eu preciso do carro para trabalhar, então se a gasolina for para quatro reais eu tenho que pagar, não tem jeito” comenta.
Foto: Quéfrem Vieira
Jorge Luis Moreira é mototaxista, e diz que o aumento no preço dos combustíveis complica muito a sua profissão. Segundo ele, seu gasto com combustível subiu de cinco a dez reais por dia, o que causa um grande impacto nas contas do fim do mês. “Infelizmente não podemos repassar esse prejuízo para o consumidor, pois a passagem de ônibus não sobe. Então, pra manter a clientela, não podemos aumentar o preço de uma viagem de, por exemplo, três reais, senão o consumidor vai preferir ir de ônibus. Acaba que o prejuízo é só nosso mesmo” desabafa.