terça-feira, 26 de abril de 2011

23 de abril: dia da educação de surdos

Por Karen Abreu e Natasha Terra

Dia 23 de abril o país comemora o dia da educação dos surdos. Composta por três filosofias educacionais, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ainda é pouco conhecida e difundida. Com gramática própria e diversidade cultural, a língua de sinais varia de país em país e de estado para estado.
Kelly de Sousa Benvindo, 24, é aluna do terceiro ano do Ensino Médio da Escola Estadual Azarias Ribeiro, em Lavras. Por ser surda tem a ajuda da intérprete Odília Rodrigues Teixeira Cândido e explica que apenas a partir de 2008 teve acesso a uma escola com intérprete para facilitar sua comunicação com os professores e os demais alunos.
A aluna afirma que a presença do tradutor em sala é fundamental, pois aprender português, principalmente, é complicado. Cândido explica que esta dificuldade se deve ao fato do surdo aprender as palavras soltas e as memorizam como imagens. Por tanto, ele lê, mas tem dificuldade para interpretar o sentido do texto. Ela denomina esse processo de aprendizado de “letramento” e não alfabetização. E também enfatiza a importância do português, uma vez que algumas palavras não possuem sinais próprios na Libras e o intérprete precisa recorrer à escrita destas.
Sobre a inclusão, os ouvintes tendem a facilitar a comunicação para eles e não para os surdos, questiona a intérprete. Algumas famílias de surdos, por exemplo, não se interessam em aprender a língua de sinais para facilitar a comunicação no lar. Kelly diz que se sente isolada, triste e até mesmo com baixa-estima quando está em ambientes no qual os ouvintes não detém o conhecimento da Libras.
A instrutora de Libras, Telma Rosa Andrade, explica (por meio da língua de sinais, uma vez que, para ser instrutor é preciso ser surdo) que a educação de surdos possui três métodos, conhecidos como filosofias educacionais.
Para ela a mais comum atualmente é o bilinguismo, forma dos surdos se expressarem através da Libras e da língua oral. Por outro lado, a comunicação total entre surdos e ouvintes é mais complicada de acontecer, uma vez que depende do conhecimento da fala e da palavra. A dificuldade aumenta por causa da família, uma vez que esta obriga o surdo a aprender a língua oral em vez da Libras. O oralismo caracteriza os surdos que aprendem apenas a linguagem oral do país em que vive.
Rosane Lucas de Oliveira é jornalista e intérprete de Libras na Pontifícia Universidade Católica de Minas e apresentadora do Jornal Visual na Rede Minas, diz: “por mais que podemos acreditar na Libras e achar que é a salvação, uma única língua para o surdo, ainda não é suficiente, pois nossa sociedade é brasileira e faz uso da língua portuguesa – sendo assim, acredito que o bilinguismo é o mais adequado”.
Também enfatiza que a educação bilíngue só tem efeitos positivos quando os professores dominam não só a língua de sinas, mas também a cultura surda. Pois os surdos interpretam o mundo com os olhos, diferentemente dos ouvintes que o interpretam com os olhos e ouvidos.
No Brasil, a inclusão social dos surdos ainda é precária. A falta de cursos de preparatórios, da divulgação da existência e da importância da Libras dificultam a formação de mais profissionais na área. Além disso, as famílias precisam se interessar em receber uma educação de como interagir com os parentes surdos.

Lei de 2002 garante direito dos surdos

A Lei 10.436 de 24 de abril de 2002 reconhece a língua de sinais como língua oficial dos surdos, a jornalista Rosane Oliveira explica que a criação desta lei “já foi um importante passo, pois no momento que a legislação reconhece que o sujeito surdo é usuário de outra língua, passa a elaborar políticas públicas mais adequadas para essa significante parcela da população”. Além disso, a profissão de intérprete foi reconhecida em 2010 e isso é consequência da Lei 10.436, afirma a jornalista.
Ainda sobre esta lei, a advogada Paula Terra Passos de Souza explica que no decreto de 2005 a Libras tem um status de idioma oficial do Brasil, pois reconhece essa linguagem como forma de expressão dos surdos do país. Ou seja, sua principal função é diminuir as barreiras da comunicação através da inclusão. Além disso, ao ocorrer a oficialização da Libras, as demais línguas de sinais estrangeiras se tornam repudiadas.
Quanto à educação no país, apenas as escolas estaduais seguem a exigência de possuir intérpretes salas de aula. Por tanto, os pais de alunos surdos dão preferencia à essas escolas ao matricular seus filhos.



















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