sexta-feira, 29 de abril de 2011

Cabelos lisos a que preço?


Rafaela Soares e Samantha Cardoso

          Por questão de praticidade, a estudante Natália Giarola, de 20 anos, recorreu ao uso de químicas em seu cabelo. Ela fez escova inteligente, uma escova sem formol que deixou seu cabelo mais liso e hidratado, porém oleoso. Segundo ela, a profissional fez um teste alérgico, colocou uma pequena quantidade do produto no antebraço  e esperou cinco minutos para ver se a pele ficou irritada. No momento de aplicação do produto é sugerido que se use um pano úmido no rosto para evitar intoxicação. O processo  demorou de três a quatro horas. Natália repete a escova a cada três meses.
Maria Tereza Ferreira, de 26 anos, conta que também fez a progressiva e a profissional pediu que ela aguardasse quatro meses para fazer o retoque. Ela mudou de cidade, o cabelo cresceu e a raiz ficou com aspecto diferente. Por conta própria, comprou um produto no supermercado e pediu a irmã para aplicar. Durante o tratamento, Tereza sentiu uma forte coceira no couro cabeludo e enxaguou os cabelos rapidamente. Porém isso não evitou a queda.
Depois disso, Tereza procurou um profissional que se recusou a realizar qualquer procedimento. Além da queda, teve alergia e foi obrigada a procurar um médico e a tomar remédios. Para tentar melhorar o aspecto do cabelo, fez um novo corte, mais curto. Agora, uma vez por semana, aplica queratina para fortalecimento da fibra capilar e crescimento dos fios.
A profissional de estética e beleza, Cléo Castilho, diz que é a hidratação é muito importante, independente do processo químico, já que o cabelo perde água diariamente. Se o caso for alisamento, o cuidado deve ser redobrado. As pessoas devem ficar atentas aos testes de sensibilidade e ao prazo para retoque.
De acordo com o dermatologista Marcelo Resende Santos, antes de se submeter ao processo químico, é importante que as pessoas se informem e tenham consciência se os produtos são legalizados e dos riscos que podem correr. O formol, por exemplo, que se tornou comum no alisamento capilar por ser um processo rápido, barato e que deixa os fios com um brilho intenso, é perigoso. Os riscos estão na inalação de gases e no contato com a pele.
 Marcelo alerta que os sintomas mais freqüentes no caso de inalação são fortes dores de cabeça, tosse, falta de ar, vertigem, dificuldade para respirar e edema pulmonar. O contato com o vapor ou com a solução pode deixar a apele esbranquiçada,  áspera e causar sensação de anestesia e necrose. Longos períodos de exposição podem causar dermatite (inflamação na pele) e hipersensibilidade, rachaduras na pele e feridas, principalmente entre os dedos, além da temida quebra dos fios de cabelo. A perda de cabelo não ocorre, geralmente, logo após o alisamento, mas, em geral, após o período de três a seis meses. Ele acrescenta que os erros existem tanto por parte dos profissionais, seja por desconhecimento ou busca incessante do lucro, como por parte dos pacientes, que só acreditam nos riscos quando vêem os efeitos colaterais.


          No vídeo a seguir, as cabeleireiras, Maria Bernadete Silva e Lúcia Soares Andrade, falam sobre escova progressiva:





terça-feira, 26 de abril de 2011

23 de abril: dia da educação de surdos

Por Karen Abreu e Natasha Terra

Dia 23 de abril o país comemora o dia da educação dos surdos. Composta por três filosofias educacionais, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ainda é pouco conhecida e difundida. Com gramática própria e diversidade cultural, a língua de sinais varia de país em país e de estado para estado.
Kelly de Sousa Benvindo, 24, é aluna do terceiro ano do Ensino Médio da Escola Estadual Azarias Ribeiro, em Lavras. Por ser surda tem a ajuda da intérprete Odília Rodrigues Teixeira Cândido e explica que apenas a partir de 2008 teve acesso a uma escola com intérprete para facilitar sua comunicação com os professores e os demais alunos.
A aluna afirma que a presença do tradutor em sala é fundamental, pois aprender português, principalmente, é complicado. Cândido explica que esta dificuldade se deve ao fato do surdo aprender as palavras soltas e as memorizam como imagens. Por tanto, ele lê, mas tem dificuldade para interpretar o sentido do texto. Ela denomina esse processo de aprendizado de “letramento” e não alfabetização. E também enfatiza a importância do português, uma vez que algumas palavras não possuem sinais próprios na Libras e o intérprete precisa recorrer à escrita destas.
Sobre a inclusão, os ouvintes tendem a facilitar a comunicação para eles e não para os surdos, questiona a intérprete. Algumas famílias de surdos, por exemplo, não se interessam em aprender a língua de sinais para facilitar a comunicação no lar. Kelly diz que se sente isolada, triste e até mesmo com baixa-estima quando está em ambientes no qual os ouvintes não detém o conhecimento da Libras.
A instrutora de Libras, Telma Rosa Andrade, explica (por meio da língua de sinais, uma vez que, para ser instrutor é preciso ser surdo) que a educação de surdos possui três métodos, conhecidos como filosofias educacionais.
Para ela a mais comum atualmente é o bilinguismo, forma dos surdos se expressarem através da Libras e da língua oral. Por outro lado, a comunicação total entre surdos e ouvintes é mais complicada de acontecer, uma vez que depende do conhecimento da fala e da palavra. A dificuldade aumenta por causa da família, uma vez que esta obriga o surdo a aprender a língua oral em vez da Libras. O oralismo caracteriza os surdos que aprendem apenas a linguagem oral do país em que vive.
Rosane Lucas de Oliveira é jornalista e intérprete de Libras na Pontifícia Universidade Católica de Minas e apresentadora do Jornal Visual na Rede Minas, diz: “por mais que podemos acreditar na Libras e achar que é a salvação, uma única língua para o surdo, ainda não é suficiente, pois nossa sociedade é brasileira e faz uso da língua portuguesa – sendo assim, acredito que o bilinguismo é o mais adequado”.
Também enfatiza que a educação bilíngue só tem efeitos positivos quando os professores dominam não só a língua de sinas, mas também a cultura surda. Pois os surdos interpretam o mundo com os olhos, diferentemente dos ouvintes que o interpretam com os olhos e ouvidos.
No Brasil, a inclusão social dos surdos ainda é precária. A falta de cursos de preparatórios, da divulgação da existência e da importância da Libras dificultam a formação de mais profissionais na área. Além disso, as famílias precisam se interessar em receber uma educação de como interagir com os parentes surdos.

Lei de 2002 garante direito dos surdos

A Lei 10.436 de 24 de abril de 2002 reconhece a língua de sinais como língua oficial dos surdos, a jornalista Rosane Oliveira explica que a criação desta lei “já foi um importante passo, pois no momento que a legislação reconhece que o sujeito surdo é usuário de outra língua, passa a elaborar políticas públicas mais adequadas para essa significante parcela da população”. Além disso, a profissão de intérprete foi reconhecida em 2010 e isso é consequência da Lei 10.436, afirma a jornalista.
Ainda sobre esta lei, a advogada Paula Terra Passos de Souza explica que no decreto de 2005 a Libras tem um status de idioma oficial do Brasil, pois reconhece essa linguagem como forma de expressão dos surdos do país. Ou seja, sua principal função é diminuir as barreiras da comunicação através da inclusão. Além disso, ao ocorrer a oficialização da Libras, as demais línguas de sinais estrangeiras se tornam repudiadas.
Quanto à educação no país, apenas as escolas estaduais seguem a exigência de possuir intérpretes salas de aula. Por tanto, os pais de alunos surdos dão preferencia à essas escolas ao matricular seus filhos.



















Modificações corporais: busca por identidade e inserção em grupos sociais

 Thayná Faria e Rômer Castanheira


Aos 23 anos, a estudante do curso de Letras da UFSJ, Francine Oliveira, conta 16 tatuagens, 3 escarificações (ou scars, como prefere chamar),13 piercings e mais 10 alargadores. Ela começou com apenas um piercing no nariz, colocado em uma farmácia com pistola de furar orelhas. A vontade de modificar o corpo surgiu na adolescência. Francine investiu na paixão e tornou-se uma body artist. Pesquisou na internet e em revistas especializadas. Logo, a perfuradora corporal (termo usado no Brasil) que praticava apenas em si, já estava trabalhando com amigos e pessoas próximas.
 O psicólogo social, mestre e doutorando em psicologia pela UFRJ e professor da UFSJ, Julio Rocha, afirma que existem inúmeras motivações para que um indivíduo marque a própria pele. “Vemos constantemente nos jornais e revistas, pessoas que tatuam o nome dos filhos ou namorados, frases e declarações de amor, rostos de pessoas importantes na vida delas, símbolos e imagens significativos ou representativos da história de vida das pessoas. Isso tudo evidencia componentes afetivos e sociais que motivam a marcação”, diz. Para ele a modificação corporal proporciona autoafirmação e individuação, que são consideradas fundamentais para o desenvolvimento psíquico dos indivíduos.
 Francine diz que a maioria dos clientes está interessada nas intervenções por questões estéticas.  Outro tatuador e body-piercer, Cleiton Soares, o “Juh”, 28, concorda com Francine, mas acrescenta que muitos fazem porque os amigos também fizeram. “Hoje é moda”, afirma.
O psicanalista Hugo Silva Valente reconhece que esse tipo de prática está intimamente ligada às relações sociais. “A noção de beleza está muito associada à noção do fetiche”, diz. Segundo Hugo, toda modificação é uma tentativa de formar um símbolo representante, seja de status, de beleza ou verdade. Tal como um rito de passagem, a prática da modificação estética seria uma forma de estabelecer laços sociais e se integrar a um grupo.


Dor
A escarificação (ou scarification) é um dos procedimentos que mais causam impacto nas pessoas. Sobre ele, Francine conta que realmente é dolorido, e a parte mais difícil é suportar o ‘depois’, do processo, mas também há certo prazer envolvido.  Ela acredita que tal arte é uma forma de provar maturidade para si mesma dentro da modificação corporal. Entretanto, não é qualquer um que pode fazer a escarificação: “Normalmente já se tem contato com a arte... Para realizar o procedimento leva tempo, como se fosse um treinamento. Tem que avaliar a capacidade da pessoa de suportar a dor”, relata. 
Uma das escarificações da Francine 
Segundo a estudante o risco envolvido na escarificação é maior, visto que qualquer infecção pode alcançar elevadas proporções devido a grande quantidade de tecido exposto no processo. A incisão também é muito profunda; e em relação à cicatrização o ideal é que demore para que o desenho fique mais definido.
E não, não há utilização de anestesia, dúvida muito freqüente entre os não adeptos. “Não é muito certo usar, mas tem gente que prefere – geralmente o artista. Na Venezuela usam abertamente. O problema, é que para o uso da anestesia, também é necessário um profissional qualificado no ambiente”, diz Francine.
Quando questionado sobre a função da dor no procedimento, Julio diz que ela faz parte de todo o processo e pode ser valorizada tanto por quem vivencia a prática, quanto por aqueles que observam. O ato de infringir dor ao corpo é uma forma de obter satisfação. Para Hugo Silva Valente, a psicologia após 1905, depois de Freud, reconhece vários modelos de satisfação que vão contrários à idéia de prazer consciente. Ele deixa claro que fetiche cultural e masoquismo, devem ser vistos de forma isolada. “O sujeito pode formar seu símbolo sem necessariamente sentir dor. Um brinco ou um piercing cumprirá a função reservada ao fetiche, mas dificilmente iria satisfazer o sujeito em busca da satisfação pela dor”, diz. Julio lembra que é necessário diferenciar o masoquismo relacionado a modificações corporais da prática do body-art, onde a dor cumpre função específica.  


Body art ou modificação corporal?
Outro termo utilizado para designar modificação corporal é “Body art”, pois praticantes e admiradores encaram as modificações como expressões artísticas, entretanto, com distinções dentro das próprias práticas. Francine conta que body art é todo tipo de arte feita no corpo ou com ele, como maquiagem artística, performances de qualquer tipo (inclusive as que envolvem agulhas ou a própria suspensão), além da pintura corporal. “Modificação corporal, body modification ou body mod envolve uma modificação do corpo mesmo, a "longo" prazo, mas não necessariamente permanente”, diz.
Juh concorda. Segundo ele, a body art engloba todos os tipos de modificação corporal, mas o termo ‘modificação corporal’ refere-se principalmente a “procedimentos que fogem um pouco dos padrões e que geralmente são irreversíveis”. 


Regulamentação profissional
Assim como para tatuagens e piercings, práticas mais “extremas” de modificação corporal também não exigem regulamentação profissional. Os interessados em aprender tais técnicas realizam cursos ou tem ajuda de alguém mais experiente. Entretanto, Juh e Francine acreditam que se aprende realmente no dia-a-dia, com a prática.
Autoretrato do Juh
Para o tatuador, saber desenhar é essencial. Existem cursos específicos que cedem certificados.  Juh participou de vários desses cursos, sendo o primeiro realizado na cidade de Perdões, em Minas Gerais. Porém, sobre tais cursos, Francine relata que tanto o de desenho quando de tattoo são poucos e muito caros. Ela aprendeu o ofício principalmente com profissionais mais experientes que estão no ramo já há algum tempo. Algumas pessoas desenvolvem essas habilidades de forma autodidata, principalmente o desenho. O próprio Juh conta que começou a desenhar sozinho, quando criança.
Branding e Escarificação são para ele as práticas mais extremas, enquanto a suspensão tem se tornado mais comum. Existe também uma técnica na qual se aplica pigmentação aos olhos, mas essa ainda não tem nome específico. Essas modalidades de body art são realizadas paralelamente às práticas que acontecem no estúdio, mas não são tão publicizadas como as tatuagens, pois na teoria são ilegais: “É super velado. Feito em estúdio mesmo, mas não há propaganda”, diz Francine. Autoridades entendem esse tipo de procedimento como mutilação, mesmo que os praticantes estejam de acordo ao realizá-las.  


Riscos e cuidados
Quanto aos riscos existentes em processos de modificação corporal e body art, os profissionais dizem que devem ser encarados com seriedade, como em qualquer procedimento cirúrgico. Infecções simples que podem vir a generalizar-se, quelóides, cicatrizes permanentes, rejeição às peças, e doenças como hepatite e HIV. Juh diz que para evitar qualquer tipo de problema é importante observar as condições de higiene e assepsia do local e do profissional, além de verificar se o estabelecimento tem autorização da Vigilância Sanitária.
Material utilizado no estúdio Empório Tattoo
O material utilizado no estúdio deve ser descartável e esterilizado, se necessário. Para a esterilização eficaz, o profissional deve usar o autoclave. O armazenamento do material também deve ser feito com cuidado, respeitando as indicações adequadas para cada produto e instrumento.

Francine conta que o problema em alguns locais é a falta de cuidado dos profissionais. A falha mais comum é a retirada das luvas antes de terminar o procedimento, quando, por exemplo, o cliente já se foi, mas ainda restam agulhas para serem jogadas fora. Essa falta de atenção coloca em risco a saúde do próprio profissional, que entra em contato direto com material cortante utilizado no processo. A forma de descarte é a mesma do lixo hospitalar. Juh diz que em seu estúdio, isso é separado e uma pessoa passa para buscar. “Não pode ser deixado na rua como qualquer tipo de lixo”, explica.  


Preconceito e discriminação
O psicólogo social Julio Rocha diz que a discriminação em relação a body art e modificação corporal ainda existe e é bem definida, especialmente em relação à aficionados que marcam boa parte do corpo. Para ele é importante evidenciar que algumas práticas podem ser mais valorizadas socialmente e esteticamente – como o implante de silicone nas mamas, por exemplo – enquanto outras podem ser menos apreciadas pela sociedade, como o uso de alargadores ou escarificações.
Juh e Francine concordam que atualmente o tema é visto com menos preconceito, mas ainda há alguma resistência: “Ainda tem essa visão, mas a marginalização é menor. É mais o impacto mesmo”, diz Francine em relação à aversão de algumas pessoas à modificação corporal.

*Fazendo uma tatuagem: assista ao video!* http://www.youtube.com/watch?v=lgGP4edfPyE
 

Tipos de modificação corporal e body-art mais comuns
Tatuagem: é uma das formas de modificação corporal e body art mais conhecidas. Um desenho permanente é feito na pele a partir de aplicação subcutânea de tinta. Durante muitos séculos foi irreversível, mas atualmente pode ser “apagada” com laser. A remoção completa (que não deixe ao menos uma pequena cicatriz) geralmente não é possível.
Piercing: trata-se de uma perfuração na pele para aplicar alguma jóia feita especificamente para esse tipo de body-art.
Alargadores: são peças que mantém o tecido expandido. A idéia é expandir qualquer tecido para colocação de uma peça maior.
Escarificação: é um procedimento permanente concebido para decorar o corpo. É feita incisão na pele com o intuito de cortar ou remover tecidos. O instrumento utilizado, geralmente bisturis, deve ser afiado e esterilizado. Existem diferentes tipos de escarificação, caracterizadas pelo material utilizado e técnicas aplicadas. Essa prática é considerada muito valiosa artisticamente por alguns clãs e tribos, principalmente na África Ocidental. 
Branding: são queimaduras feitas por aço ou laser e cauterizadas por ferramentas como ferro de solda, por exemplo.
Microdermal: o microdermal é uma micro placa que fica sob a pele com uma saída única, onde podem ser rosqueadas peças, que por sua vez podem variar desde implantes simples a algo mais sofisticado. O efeito visual é de que a pessoa está utilizando jóias.
Subdermal: material tipo PTFE ou teflon implantado debaixo da pele – é o único implante subcutâneo. Simula a aparência de chifres, por exemplo.
Transdermal: é o antecessor do microdermal. Possui apenas uma saída e é feito com incisão cirúrgica interna, além do furo.
Suspensão corporal: é o ato de suspender um corpo humano através de ganchos passados por perfurações na pele. Estas perfurações são temporárias e normalmente abertas pouco antes da suspensão ocorrer. Os ganchos utilizados são feitos de aço cirúrgico e colocados como piercings tradicionais, com agulhas. A localização exata desses ganchos no corpo determina o tipo de suspensão que está sendo executada, e o número de itens instalados geralmente depende do peso da pessoa e seu nível de experiência.

*Colaboração de Gabriel Riceputi

Hemominas faz campanha para doações

Rafaela Soares e Samantha

“Doar é importante porque podemos salvar vidas”. Esta é a opinião da costureira Tânia Márcia de Serpa, de 45 anos, que possui tipo sanguíneo O positivo. Ela é doadora há dois anos e diz estar muito satisfeita por poder praticar um gesto tão simples e fácil. A universitária Michele Santana, de 23 anos, que tem o mesmo tipo sanguíneo,  acredita que doar sangue “é uma atitude bacana e que as pessoas não têm noção do quanto é necessária”. Michele tornou-se doadora quando um conterrâneo (ela mora em São Tiago, a 44 quilômetros de São de João del-Rei) necessitou de sangue e pediram voluntários da secretária de saúde, onde ela trabalha. O tiradentino Edílson Lopes dos Santos, de 45 anos, doa desde os 18 e, frequentemente, há sete. Ele afirma que as pessoas precisam tornar-se doadores frequentes.
 Mas não é o que está acontecendo em São João del-Rei. A captadora do Núcleo Regional do Hemominas de São João Del-Rei, Elisabete Santos, explica que quando as temperaturas caem, os doadores diminuem e aí é preciso intensificar as campanhas.  Uma curiosidade é que as pessoas geralmente se mobilizam, nessa época ou nas férias, quando o estoque é baixo, apenas quando acontece alguma tragédia. Ela lembra que isso aconteceu no início do ano, quando as chuvas castigaram a região serrana do Rio de Janeiro. Outro exemplo foi o terremoto no Japão e, essa semana, como massacre na escola de Realengo, na capital carioca.
A captadora explica que existem vários pré-requisitos para que uma pessoa seja um doador. É necessário estar saudável, ter entre 18 e 65 anos, pesar mais de 50 quilos, não ter tido hepatite após os dez anos de idade, não ter Doença de Chagas, não ter doenças sexualmente transmissíveis, entre outros. A doação é totalmente segura, não emagrece, não engorda.A cada doação, pelo menos quatro pessoas podem ser beneficiadas. O sangue é fracionado em plasma, plaquetas, leucócitos e hemácias.

O que é a Fundação Hemominas?

De acordo com o site www.hemominas.mg.gov.br, os serviços prestados pela instituição são: atendimento a pacientes com problemas de coagulação do sangue, como os hemofílicos, atendimento aos candidatos à doação de sangue, cadastramento de candidatos à doação de medula óssea. Ainda fornece sangue para estabelecimentos de saúde, atende a pacientes com hemoglobinopatias e a pacientes que necessitam de transfusão de sangue ou sangria terapêutica.
Ainda segundo o site, a Fundação Hemominas foi criada em 1885. É uma instituição pública, vinculada à Secretaria de Estado de Saúde e é responsável pela saúde relacionada à hematologia e à hemoterapia em Minas Gerais. Compõe o Sistema Estadual de Saúde e o Sistema Nacional de Sangue. Há unidades do Hemominas nas cidades de Além Paraíba, Belo Horizonte, Betim, Diamantina, Divinópolis,  Frutal, Governador Valadares, Ituiutaba, Juiz de Fora, Montes Claros, Manhaçu, Passos, Patos de Minas, Ponte Nova, Pouso Alegre, São João del-rei, Sete Lagoas, Uberaba e Uberlândia.
Em São João del-Rei, o endereço é Rua Pref. Nascimento Teixeira, 175, bairro Segredo. O telefone é (32) 3371-3389. A doação pode ser agendada.


Comissão de ética regulamenta pesquisas com animais na UFSJ

Ana Gabriela, Adriano Moura e Wanderson Nascimento 

           A Comissão de Ética em Pesquisa Envolvendo Animais da UFSJ (CEPEA) não tem uma posição oficial sobre o uso de animais como cobaias. De acordo com a presidente da comissão, professora Leila de Gênova Gaya, opinar sobre a prática não é o papel da instituição. “Nós temos uma função muito maior, que é a educação dos pesquisadores”, afirma. Segundo a professora, a comissão avalia os projetos de pesquisa visando o bem-estar dos animais de acordo com as normas da Lei Federal nº 11.794, que regulamenta o uso de animais no ensino e pesquisa científica.

Pesquisa com cobaias na UFSJ

De acordo com a legislação, cada instituição de pesquisa deve ter uma comissão interna de ética. Além disso, a lei impõe a participação de um membro da sociedade protetora dos animais. No caso da CEPEA, a psicóloga Claudia Boscolo representa a entidade. “Creio que [o uso de cobaias] é um mal ainda necessário. Com as Comissões e as evoluções acredito que, cada vez mais, o uso de animais em pesquisa será diminuído”, afirma. Segundo Cláudia, sua função consiste em dar seu parecer, votar nas decisões e contribuir para que não haja abusos no que se refere ao uso de animais.
O professor, pesquisador e membro da CEPEA, Gilcélio Amaral da Silveira, do Departamento de Engenharia de Biossistemas, acredita que a ciência ainda precisa da utilização de animais. Ouça o depoimento do pesquisador

O processo para obter a autorização para uso de cobaias em uma pesquisa segue normas que regulamentam desde a retirada dos animais do biotério até seu descarte. Assista ao vídeo em que a mestranda em Bioengenharia Neuronal, Karla Ferreira, descreve o processo de submissão de projetos de pesquisa envolvendo animais.

A composição da CEPEA tem que estar de acordo com as exigências da lei. Atualmente, possui oito membros e está em processo de expansão para cumprir os requisitos da lei federal. De acordo com Leila Gaya, a comissão possui um membro de cada departamento que utiliza animais em pesquisas, um representante do biotério, um discente, dois técnicos administrativos e um membro da sociedade protetora dos animais.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Conhecendo o bullying- como uma brincadeira pode se transformar em agressão

Por Laura V. Gouvêa e Lívia G. Carvalho

“O Bullying sempre existiu, só que recebia outro nome” essa é a opinião da professora Eliana Carvalho, que trabalha com ensino fundamental há 25 anos. Palavra de origem inglesa, o Bullying não tem tradução para o português, mas é sinônimo de intimidação, ameaça ou agressão.

O primeiro estudioso a denominar as famosas chacotas e deboches como Bullying foi o professor da Universidade da Noruega, Dan Olweus, que pesquisou as tendências suicidas entre adolescentes, Olweus, percebeu que a maioria dos suicidas tinham sofrido algum tipo de ameaça ou intimidação.

Embora este fenômeno não aconteça somente em escolas, este é o ambiente onde acontecem a maioria dos relatos. Segundo a professora Eliana Carvalho, até professores cometem bullying mesmo sem perceber. “Na ânsia de ajudar meus alunos, às vezes pergunto se eles querem ser os burrinhos da sala, que eles precisam se empenhar. Fazendo isso estou cometendo o bullying sem perceber” alerta a professora.

Adolescentes que sofrem bullying geralmente não prestam queixa à Polícia, e isso se confirma quando a Assessoria de Comunicação do 38° Batalhão da Policia Militar de Minas Gerais afirma não ter estatísticas precisas sobre este tipo de agressão. “Quando sofri bullying tinha medo de denunciar e quando finalmente tomei esta atitude, nada foi resolvido” afirma Maria*, hoje com 21 anos. “O temor por retaliações é tanto que as crianças e/ou adolescentes que sofrem com o bullying não tem coragem de contar nem para os próprios pais, pois tem receio de que as intimidações ou até mesmo agressões aumentem” afirma a psicóloga Vera Lucia Reis e Silva

“Depois de tantas palestras e informações, minha preocupação com este tipo de agressão aumentou. Hoje em dia me policio para não cometer bullying e fico atenta aos meus alunos para que eles também não cometam” afirma a professora Eliana Carvalho quando questionada sobre o que faz para prevenir o bullying em sala de aula.

“Geralmente as vítimas de bullying sofrem agressões por serem diferentes, seja pelo sobrepeso, por usarem óculos ou até mesmo pela sua orientação sexual, quando o motivo do bullying é o homossexualismo, isso também se configura como homofobia” é essa a afirmação do Presidente do Movimento Gay das Vertentes, Carlos Bem, que afirma ter sofrido muito este tipo de intimidação, não somente na escola, mas em vários lugares.

“Embora quem pratique o bullying intitule o ato como ‘brincadeira’, deve-se alertar que atitudes como essas podem gerar grandes tragédias” afirma a psicóloga. Uma destas tragédias em conseqüência do bullying é o caso de Wellington Menezes, que cometeu diversos assassinatos em sua antiga escola no Rio de Janeiro. Menos impactantes do que essas tragédias, pessoas que sofrem bullying acabam por acreditar que não são boas o suficiente, sofrendo tragédias pessoais, que podem prejudicar desde sua vida social até sua vida profissional.

* Maria foi um nome fictício usado para proteger a entrevistada que preferiu não se identificar

http://www.youtube.com/watch?v=gXdpZyp6B-0

sexta-feira, 22 de abril de 2011

1º Campeonato de skate esquenta a pista de Barroso


Wanderson Nascimento

A pista de Skate do Ceclans (Centro Esportivo, Cultural e de Lazer Artidônio Napoleão de Souza) foi sede ontem do 1º campeonato do esporte em Barroso. Promovida pelo Grupo Skate Barroso em parceria com a diretoria do ginásio, a competição contou com 36 competidores de 8 cidades da região.
O campeonato foi dividido nas categorias Mirim, Iniciante e Amador, na modalidade street skate, em que os competidores têm um minuto para mostrar seu talento com manobras livres. Os vencedores foram: Marcelo Araújo, de Barbacena, na categoria mirim. Entre os iniciantes, o vencedor foi ícaro Augusto, de Barroso e na categoria mais técnica, entre os amadores, venceu Alisson Bufão, de Santa Cruz de Minas.
O apoio a esportes tradicionais, como futebol e vôlei em Barroso é bem pequeno. Com relação ao Skate, esse suporte é ainda mais restrito. Segundo o diretor do Ceclans, Evandro Ferreira, é muito importante apoiar não só os esportes tradicionais, mas toda moda modalidade esportiva. Ouça o depoimento de Evandro:

O líder do Skate Barroso, Ícaro Augusto, relata que, apesar de a cena do skate em Barroso ainda ser bem fraca, com poucos praticantes, eles estão lutando por mais apoio. “Conseguimos a reforma da pista, junto à diretoria do Ceclans e o Evandro me deu a ideia de criar um campeonato para reinaugurar a pista. Eu comecei a divulgar aqui na região e conseguimos fazer uma competição de sucesso, o que também ajuda a promover o skate e a atrair novos praticantes”, declara.
Entre os 36 competidores, Íris Caroline, de Conselheiro Lafaiete foi a única mulher. Íris tem 22 anos e é proprietária de uma skate shop na cidade. “Estou acostumada a ser a única ou uma das poucas mulheres a competir. Já organizei 15 campeonatos e sempre o número de homens é maior que o de mulheres”, afirma a skatista, que pratica o esporte desde os 3 anos de idade.

O Secretário de Esportes de Dores de Campos, Juarez Ferreira, veio acompanhar quatro skatistas da cidade, entre eles, seus dois filhos, que competiram na categoria mirim. Segundo Juarez, há outros praticantes em Dores, mas por a maioria serem crianças, fica difícil trazô-los, sem o acompanhamento dos pais.
A população esteve presente em peso, por se tratar de um esporte tão pouco tradicional em Barroso. De acordo com Evandro, o público estimado foi de aproximadamente 400 pessoas. Por meio das inscrições, que custavam R$3,00 e um quilo de alimento, foram arrecadados 57 quilos, que serão doados ao abrigo municipal da criança e do adolescente.

O evento ainda contou com a participação de grupos de dança de rua e Hip Hop, que animaram os intervalos da competição.
Assista ao vídeo da volta do competidor Isaque, da cidade de rio Pomba.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Alta dos combustíveis diminui consumo em São João del-Rei

Baixa oferta de álcool no mercado gera aumento no preço dos combustíveis, e após apenas algumas semanas da alta, postos de gasolina já sentem os efeitos.

João Eurico e Quéfrem Vieira

O preço do litro de gasolina já ultrapassa os R$ 3,00 em São João del-Rei e algumas cidades da região. De acordo com a Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais), nos últimos dois meses o custo do álcool subiu 44%. Claudinei Rodrigues, gerente de um posto de gasolina no centro de São João, explica que o atual período de entressafra no qual se encontra a cana-de-açúcar gera aumento no preço do álcool, que consequentemente provoca alta no custo da gasolina, que é composta de 25% de etanol.

A professora de economia da UFSJ, Daniela Raposo, aponta, além deste, outro motivo, que seria o aumento da demanda por combustível, em virtude da expansão da ampliação de carros domésticos (via facilidade do crédito).

Foto: Quéfrem Vieira

De acordo com Claudinei, não ocorreu apenas um aumento, mas sim vários no último mês. Ele explica que os reajustes não são avisados, e que o preço novo simplesmente aparece no momento do pedido da compra: “É complicado, pois quando vamos fazer o pedido é que descobrimos que o preço subiu, e o motivo nunca nos é explicado. Apenas quando liguei para o consultor da minha distribuidora é que ele me explicou o porquê, e disse que a tendência é o preço abaixar novamente quando a produção de álcool estiver estabilizada”.

Segundo o gerente, a baixa nas vendas já é uma realidade, mesmo que nem todo o aumento tenha sido repassado ao
consumidor. “Pra se ter uma ideia, minha margem de lucro no ano passado era de 46 centavos, e agora já caiu para 33. Mas por mais que estejamos segurando o preço, o consumo de combustíveis já diminuiu bastante”.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP) o preço médio da gasolina em Minas Gerais era de R$ 2,64, até o mês passado. Com o aumento, o uso do álcool como combustível torna-se menos atraente, especialmente para aqueles que possuem veículos com o sistema flex. Em São João del-Rei, já há postos vendendo o litro da gasolina por R$3,09, e o álcool à R$2,60.

Foto: Quéfrem Vieira
Segundo Daniela, o combustível deve ser entendido como um insumo, uma matéria prima necessária para a economia literalmente andar, então se o preço do mesmo sobe, aumentam-se também os custos de produção e por tabela todos os demais preços.

A situação se complica ainda mais para aqueles que necessitam do uso constante de veículo. Juliano Souza explica que o aumento da gasolina pesa muito em seu orçamento, já que 40% dele é destinado à compra de combustível. “Eu preciso do carro para trabalhar, então se a gasolina for para quatro r
eais eu tenho que pagar, não tem jeito” comenta.
Foto: Quéfrem Vieira

Jorge Luis Moreira é mototaxista, e diz que o aumento no preço dos combustíveis complica muito a sua profissão. Segundo ele, seu gasto com combustível subiu de cinco a dez reais por dia, o que causa um grande impacto nas contas do fim do mês. “Infelizmente não podemos repassar esse prejuízo para o consumidor, pois a passagem de ônibus não sobe. Então, pra manter a clientela, não podemos aumentar o preço de uma viagem de, por exemplo, três reais, senão o consumidor vai preferir ir de ônibus. Acaba que o prejuízo é só nosso mesmo” desabafa.


A história da música conservada em Vinis




Suellén Passarelli e Talita Andrade

Aos 78 anos, o aposentado Jair Delasávia transformou a paixão de toda sua vida em coleção, os discos de vinil. São 600, só de seresta, como Pixinguinha, Vicente Celestino, Sílvio Cláudio, Orlando Silva e Gilberto Alves. O primeiro, conseguiu aos seis anos. Foi quando passou a se interessar por música, a compor e a cantar. Para ele, não há dúvida quanto à qualidade sonora do vinil superior ao CD, e afirma que, a durabilidade maior é indiscutível, “o vinil é feito parar durar 100 anos, e o CD, dez”, explica.

Já a colecionadora Virginia Mello Terra Passos de Souza, aposentada, coloca a importância do disco em sua história, como a primeira forma de escolha de repertório e artista favorito para se ouvir em casa a qualquer momento, pois até então, as rádios eram a única opção e o ouvinte ficava preso à programação. Seu acervo teve início no ano de 1975, e conta com vinis de rock, principalmente Elvis Presley e Roberto Carlos, música popular, samba e discos infantis.

Mídia desenvolvida na década de 50 para reprodução musical, os discos de vinil, atualmente, são objetos de procura e estima para colecionadores com perfil próprio. Geralmente são pessoas com um nível cultural mais elevado, é o que afirma Helissom Elias Roque, proprietário da loja Pop Discos, na cidade de São João Del-rei. Helissom comercializa Lp’s desde o ano de 1984, e já contou com um acervo de cerca de 40 mil discos dos mais diversos estilos musicais como Pop, Rock, Mpb e Sertanejo.

Em São João Del-rei, a comercialização de discos é feita também em Sebos, como a Livraria Flamingo, que trabalha com a venda e compra de vinis há mais de 10 anos, e como afirma Gisele Carvalho Cruz, sócia-proprietária, a oferta e procura permanece grande por colecionadores que preferem o som do vinil. Os preços variam de acordo com a importância, raridade e condição de uso dos mesmos. Alguns chegam a custar R$ 80.

De tão especial, no dia 20 de abril é comemorado o dia Nacional do Disco de Vinil. Recebe este nome devido ao material plástico usado em sua produção, marcou toda uma época de mudança no posicionamento em relação à produção musical. Mesmo com a perda de espaço no mercado para o CD, o Vinil está sendo usado como um diferencial na divulgação do trabalho de diversas bandas. Segundo o blog Consultoria do rock, a banda de Rock Iron Maiden lança sempre edições especiais em Vinil, tanto dos álbuns de estúdio quanto os ao vivo e coletâneas.



Fundação de Juiz de Fora irá administrar UPA de São João del-Rei

Carol Argamim Gouvêa e Íris Marinelli

Após três anos de atraso, a Comissão de Licitação Municipal aprovou, no dia 4, a instituição que irá gerir a Unidade de Pronto Atendimento de São João del-Rei, a UPA. A Fundação de Apoio ao Hospital Universitário de Juiz de Fora, vencedora do processo, garantiu a abertura da Unidade em no máximo dois meses.
O outro concorrente da licitação foi o Hospital Nossa Senhora das Mercês que acabou sendo excluído da ação por cauSa de atrasos na entrega da proposta. Segundo o vice- presidente da Associação de Moradores e Amigos de São João del-Rei (AMAS del-Rei), Edmilson Rezende de Sales, a expectativa é grande: “A Fundação já possui um trabalho excepcional na UPA de São Pedro, em Juiz de Fora, com grande aprovação da população da cidade”.
De acordo com o membro da Comissão de Licitação, Luciano de Andrade, as primeiras providências da instituição será contratar médicos, atendentes, enfermeiras e outros cargos necessários para o funcionamento da Unidade. “Apesar de já ter ocorrido um concurso público para a UPA, acredito que a Fundação fará uma análise dos currículos dos concursados”, afirma. Como a estrutura física já está pronta e equipada, as atividades serão iniciadas até o mês de junho.

Atrasos na criação da UPA
Os processos envolvendo a criação de uma Unidade de Pronto Atendimento em São João del-Rei ocorrem há quase quatro anos. Segundo o vice-presidente da AMAS del-Rei, Edmilson Sales, o prédio onde irá funcionar a UPA foi construído com a proposta inicial de abrigar um anexo da Secretaria de Saúde. De acordo com a Diretora de Clínica Especializada, Glaydes Barroso, entretanto, o plano era inaugurar no local uma clínica especializada.
Porém, após requerimento da comunidade são-joanense, através da AMAS del-Rei, foram tomados outros rumos. “Com a proposta do Governo Federal de construção das UPAS, a AMAS del-Rei começou a fazer um trabalho para possibilitar a criação de uma Unidade em São João del-Rei”, afirma Sales.
Sales conta que a Associação de Moradores e Amigos acompanhou tudo de perto: “Houve muito atraso desnecessário e a AMAS teve que cobrar maior agilidade no processo”. A Unidade foi inaugurada em 5 de março do ano passado, criando expectativas para o início de suas atividades ainda em maio daquele ano. Entretanto, o Ministério da Saúde pediu ajustes no projeto, o que retardou a abertura do processo de licitação.
Segundo Glaydes, foi justamente a mudança de objetivos que acarretou os atrasos: “A gestão atual da Prefeitura já pegou o prédio pronto para ser uma clínica. Para ser uma UPA muitas modificações tiveram que ser feitas, uma reforma grande teve que ser realizada”.
Após a reforma e as adequações do prédio, foi aprovada a abertura de uma licitação para a escolha de um administrador, em setembro de 2010. A licitação só terminou em abril por problemas burocráticos na entrega de documentos por parte do Hospital das Mercês.

A UPA
A Unidade de Pronto Atendimento irá suprir, segundo Glaydes, a necessidade de atendimento de urgência e emergência que afeta a microrregião das Vertentes, composta por 18 municípios. Poderá atender até 300 pacientes por dia e contará, obrigatoriamente, com quatro médicos de plantão.
“Todos os equipamentos de atendimento já estão prontos para o uso, assim como os 16 leitos comuns e o leito de isolamento”, conta Glaydes. As expectativas é que seja aberta à população em, no máximo 60 dias, ou seja, até junho. Entretanto, a última vistoria do Ministério da Saúde ainda não ocorreu e será realizada apenas no dia 26 desse mês. Se forem encontradas irregularidades no local, uma nova reforma terá que ser realizada, o que poderá retardar ainda mais o início de seu funcionamento.
Confira uma parte da entrevista realizada com Gleydes Barroso:



segunda-feira, 18 de abril de 2011

Barbacine 77: exibição gratuita de filmes

Ana Pessoa Santos e Renato Brunelli


A equipe do projeto
Divulgação
O Coletivo 77 para quinzenalmente na Fundação Municipal de Cultura de Barbacena (Fundac), abre suas portas e convida a embarcar na sua viagem cultural e artística através do Barbacine 77. No último encontro na quarta-feira (6), foi a vez da exibição e discussão do filme Persona, da década de 60. A escolha não foi por acaso. O diretor, Ingmar Bergman, é o tema da vez. Na próxima quarta (20), será exibido Gritos e Sussuros.

O Barbacine 77 é um cineclube que promove a exibição gratuita de filmes quinzenalmente. “Inauguramos o Cineclube dentro da Fundac em uma parceria com eles. A Fundação cede o espaço montado, e nós trazemos o pessoal, os filmes e divulgamos” diz Fred Furtado, diretor grupo. Para Eduardo Henrique Siqueira Santos, presidente da Fundac, “o Coletivo 77 é um grupo que tem quase dois anos e está tendo uma ascensão muito rápida”.

A enfermeira Yara Fraga dos Santos conta que conheceu “o Coletivo 77 no Festival da Loucura de Barbacena. Depois fiquei sabendo do Barbacine e do Clube de Leitores 77. Achei sensacional a ideia de abrir um espaço gratuito para a exibição de ótimos filmes de diretores maravilhosos. É um espaço aberto a população da cidade. É a democratização na sua tradução mais bonita", avalia.

Coletivo 77

Assim como um coletivo, que transporta várias pessoas a lugares diferentes, o grupo, que nasceu em 2009 da reunião de pessoas de Barbacena ligadas a trabalhos artísticos e culturais, tem pegado e deixado gente, com algumas pessoas que nunca perdem a viagem, seguindo sempre seu caminho.

Depois de rodar por muitos lugares no Brasil, Furtado decidiu convidar algumas pessoas para conversar sobre a sua intenção de formar um grupo cultural. O mesmo seria dividido em pelo menos duas equipes: uma de produtores culturais multidisciplinares capazes de sugerir ideias, escrever projetos, propor mecanismos de incentivo e executar estas ações; e outra, de produção audiovisual. “Meu sonho enquanto construção é poder trabalhar cinema mesmo aqui em Barbacena, na proporção que for possível” relata o diretor.

Para formar essa equipe e embarcar nesse Coletivo, o diretor procurou pessoas tanto com afinidade profissional quanto por afinidade pessoal. Uma série de coincidências e de conjecturas marcou os convites. “Eu fui chamando quem eu achava possível ter o interesse e o entendimento da proposta” diz. Dentre essas pessoas está Marcos Farias, responsável pela comunicação, que já tinha um convívio de aproximadamente quatro anos com Furtado em um grupo cultural, e Maristela Guedes, artista plástica.

O trabalho possibilita uma movimentação cultural em Barbacena, a partir do momento em que leva pessoas de outras cidades para se apresentarem no município e artistas barbacenenses para outros lugares. O projeto faz parte do Circuito Fora do Eixo, que interliga 73 conjuntos por todos os estados do Brasil. “Para mim a importância é que o Coletivo é um grupo que agrega vários tipos de artes. Dentre seus membros estão atores, artistas plásticos e escritores”, explica Santos.

Fred Furtado comenta o cenário cultural de Barbacena.



Da cera à tesoura: o trabalho autônomo que conquista clientes.

Ayalla Nicolau e Rafaela Aguiar.


Cabeleireiro, manicure, depiladora, esteticista. Encontrar todos esses profissionais em um só lugar e poder pagar pelos serviços é um sonho para muitas pessoas, mas o preço cobrado pelos chamados centros de estética vai além do que a maioria pode pagar. “Tem lugar que cobra R$25 para fazer pé e mão enquanto uma manicure que atende em casa cobra R$ 15”, revela a vendedora Caroline Carvalho. É neste cenário que surgem os profissionais autônomos, trabalhando nas casas dos clientes ou montando pequenos estabelecimentos informais. O serviço sai mais barato que o de grandes salões e é uma alternativa para quem quer cuidar da beleza gastando menos. Maristela Marques é cabeleireira há 15 anos. “Comecei lavando o cabelo das pessoas no meu tanque” revela. Com o casamento e o nascimento dos filhos, trabalhar em casa foi a alternativa encontrada por Maristela, que montou um salão ao lado de sua casa, onde atende 25 clientes por semana. “Os sábados são mais movimentados e, para não me enrolar, só atendo com horário marcado”, explica.

Fazendo o próprio horário

“Faço meu próprio horário e não preciso dar satisfação a ninguém”. É dessa forma que Tânia Oliveira define as vantagens de trabalhar por conta própria. Com clientela fixa, a depiladora chega a trabalhar 12 horas por dia. Para ela, isso não é um problema: “Se tiver algum compromisso, posso trabalhar apenas cinco horas”, explica. Não cumprir um horário fixo é a maior vantagem que as profissionais autônomas dizem ter na profissão. Entretanto, alguns pontos negativos são observados, como a falta de estabilidade. “Em meses de festa, como dezembro, chego a fazer um salário mínimo em menos de duas semanas, mas se ficar doente, cair de cama, não recebo nada” revela a manicure Simone Fagundes, que há 23 anos atende clientes em domicílio.



Em São João del-Rei não existe uma estimativa de quantos profissionais autônomos contribuem com o INSS, mas, de acordo com dados do IBGE, mais de um milhão é contribuintes da Previdência. Alexsandra Viana, especializada na confecção de perucas, implantes e mega hair, é autônoma há nove anos. A profissional já atuou com carteira assinada e teve os outros benefícios dos trabalhadores formais, mas, mesmo assim, prefere o seu trabalho de hoje, “tem muita gente que sobrevive com um salário mínimo, mas pra mim, não dá. Hoje eu consigo tirar no mínimo dois mil reais por mês”, revela.

Empreendedor Individual

O Empreendedor Individual é a pessoa que trabalha por conta própria, fatura até R$ 36 mil por ano, não tem participação em outra empresa como sócio ou titular e mantém um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria. Entre as vantagens oferecidas por essa lei está o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), o que facilitará a abertura de conta bancária, o pedido de empréstimos e a emissão de notas fiscais. Para se cadastrar, o empreendedor deve acessar o site http://www.portaldoempreendedor.gov.br/index.htm. A inscrição é gratuita e, após o cadastramento, o CNPJ e o número de inscrição na Junta Comercial são obtidos imediatamente. Nenhuma cópia de documento precisa ser anexada.

Realidade e desafios da gravidez na adolescência

Por Michele Santana e Marcus Santiago

Dados do Ministério da Saúde revelam que o número de partos em adolescentes entre 10 e 19 anos caiu 22,4% de 2005 a 2009. Embora essa queda seja real e esteja aumentando a cada ano, os casos ainda são freqüentes.
 Segundo Viviane Rodrigues, enfermeira chefe de um dos PSFs (Programa Saúde da Família) de São Tiago, apesar da queda, os casos ainda são freqüentes. De acordo com dados do SISPRENATAL (Sistema de Acompanhamento do Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento) em 2010, das 104 gestantes cadastradas, 18 eram adolescentes, o que corresponde a 17,3%.  O município teve 72 casos de internação hospitalar na faixa etária de 5 a 19 anos, sendo que as maiores causas de internação foram parto normal (18%) e cesariana (8,3%).
Viviane acredita que esses dados podem ser reflexos de questões sociais e culturais. “A maioria das adolescentes que engravidaram vem de famílias desestruturadas e acabam não criando perspectivas de vida. Muitas param de estudar e não se importam muito com crescimento profissional e estudos e acabam iniciando sua vida sexual muito cedo e uma das consequências é a gravidez”, afirma.
Em São Tiago, as adolescentes grávidas são encaminhadas ao posto, na maioria das vezes pelos agentes de saúde, que são o primeiro contato das pacientes com os sistema de saúde, que garante também o pré-natal. De acordo com Viviane, a maioria dos casos acontece entre 14 e 15 anos e os riscos de uma gravidez precoce são muito grandes. “Gestação em idade abaixo de 17 anos é considerada de risco, já que o corpo ainda não está totalmente formado e a possibilidade de acontecer abortos ou nascimentos prematuros é maior”, afirma.
Para evitar que o número dessas gestantes aumente, alguns profissionais das áreas de saúde e educação do município criaram um projeto de saúde na escola, em fase de aprovação no Ministério da Saúde.  O objetivo é desenvolver trabalhos de orientação e conscientização nas escolas, não somente com relação à gravidez, mas também ao alcoolismo, uso de drogas, violência, tabagismo e outros. “O intuito do projeto é desenvolver ações de prevenção e promoção à saúde, visando à qualidade de vida dos estudantes, além de torná-los conscientes de suas responsabilidades com relação à saúde”, conclui.
  

Atuação dos agentes de saúde na orientação da gravidez precoce

            No distrito de Morro do Ferro, município de Oliveira, a 18 quilômetros de São Tiago, a situação é diferente. Segundo a enfermeira chefe do PSF, Karine Silva, é possível encontrar adolescentes grávidas no distrito, mas o índice é considerado baixo. “No nosso município podemos observar que em algumas áreas onde a população tem condição social baixa, grau de escolaridade menor e famílias desestruturadas, o índice de gravidez na adolescência é bem maior. Mesmo o índice sendo maior nessas áreas, a gravidez pode ocorrer em todas as classes sociais. O adolescente é ‘corajoso’, pensa que nada vai acontecer com ele e por isso não importa se é rico ou pobre, a melhor prevenção é a educação em saúde”, comenta. 
No distrito é feito o diagnóstico situacional de cada área todos os anos. “Este diagnóstico nos dá dados atualizados de cada população, onde calculamos os índices de cada condição ou doença por área. É através deste índice que montamos nossos planos de ação, nossas estratégias, que damos direção ao nosso trabalho. O trabalho que é feito quando o índice de gravidez na adolescência aumenta é a educação em saúde, através de palestras. Este trabalho é feito junto a Grupo de Jovens e Pastoral da Criança”, informa.
Nessa perspectiva, de orientar e conduzir, Karine afirma a importância do agente de saúde. “O agente comunitário de saúde é peça fundamental do sistema porque tem um vínculo maior com a população, conhece melhor cada indivíduo e cada família de sua micro área e suas necessidades. Ele passa para a equipe os riscos, as condições e as necessidades dos indivíduos e das famílias. É com estes dados passados pelos agentes que dirigimos nossos trabalhos a estes indivíduos e famílias com o intuito de diminuir os riscos e suprir as necessidades de cada um. Na gravidez na adolescência muitas das vezes o primeiro a saber é o agente, que orienta a gestante quanto à necessidade da realização do acompanhamento (pré-natal e exames) e agenda este acompanhamento no PSF”, finaliza.


Experiência em família

Izara de 16 anos acabou de ser mãe e disse que a experiência foi uma das mais estranhas que passou. “Descobri a gravidez quando estava no sétimo mês. No começo achei estranho, mas depois me acostumei com a ideia.”, diz.
Ela, que não desconfiava que estivesse grávida, fez um teste de farmácia que deu positivo. “Não acreditei que fosse gravidez enquanto minha mãe e minha irmã vibravam com a surpresa”, afirma. Logo depois procurou o posto de saúde e fez todas as consultas de pré-natal nos dois últimos meses da gestação.
Com essa situação os amigos se afastaram e até o pai da criança não quis assumir a responsabilidade. “Agora vejo como minha vida mudou. Minha filha é tudo pra mim, mas as responsabilidade que tive que assumir com a chegada dela me fizeram abrir mão de muitas coisas” ressalta.
Hoje a filha está com um mês e Izara afirma que tudo mudou. “A responsabilidade de ser mãe é muito grande. Sei que não posso mudar as coisas, mas se eu pudesse escolher, teria esperado um pouco mais para ter minha filha’, finaliza.
            Caso parecido com o de Izara é o de Aline, sua irmã mais velha. Ela, que tem 21 anos, foi mãe a primeira vez aos 14 anos. Mas, ao contrário da irmã, as duas gestações que teve foram planejadas. “Eu queria ter filhos e aconteceu. Não descobri tão tarde quanto Izara. Foi bem no começo e fui muito bem orientada no posto sobre os riscos da gravidez naquela idade”, diz.
            Embora quisesse ter filhos, Aline confessa que ficou transtornada, mas depois se acostumou com a ideia, até porque sua mãe não foi contra. “Minha mãe me apoiou e o pai do meu filho também, mas tive que abrir mão de muitas coisas”, afirma.  
            Já a segunda gestação, aos 17 anos, foi mais conturbada. “Não tive problemas com minha saúde, mas o pai da minha filha não queria assumir a responsabilidade e tivemos que fazer até o exame de DNA para comprovar a paternidade”, explica.
Passadas as dificuldades, Aline diz que não se arrepende de ter tido seus filhos tão nova e que eles foram importantes para mudar sua vida. “Antes eu saia de casa na sexta-feira e só voltava no domingo. Bebia e saia de casa ser ter compromisso e responsabilidade com nada. Hoje vejo que um gravidez pode tirar a gente do poço. Não sou a melhor filha, mas tento ser a melhor mãe para meus filhos”, conclui.


*Clique em cima da imagem para ampliar



Tabela 1: Partos por regiões

Região
2000
2005
2009
Variação
2000-2009
Norte
79.416
76.172
62.046
-21,90%
Nordeste
249.057
214.865
159.036
-36,10%
Centro-Oeste
52.112
43.362
32.792
-37%
Sudeste
217.243
174.465
138.401
-36,30%
Sul
81.530
63.677
51.781
-36,50%


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