domingo, 22 de maio de 2011

A Tradição e Beleza da Ourivesaria Artesanal

Foto: Violeta Cunha

Ana Luiza Fernandes e Mariele Velloso

O homem sempre se sentiu atraído pelas pedras preciosas, pelos metais brilhantes e mais raros, e usou a ourivesaria para louvar seus deuses e se enfeitar. Seja na antiguidade ou nos tempos atuais, a busca do ornamento para realçar a beleza faz parte da história da nossa sociedade. Foto:Ana Luiza Fernandes

Em São João del Rei, a ourivesaria está presente não só nas joalherias, mas também na produção artesanal de peças que vêm ganhando a confiança dos clientes e espaço no mercado.

O ourives Atahualpa Yupanqui (foto) conta que “é comum pensar que a fabricação de jóias em grande escala vai acabar com a produção artesanal. Mas a valorização do trabalho artesanal é crescente pela possibilidade de se criar
uma peça única, exclusiva.” Em sua oficina, ele trabalha principalmente com por encomenda, e convida o cliente a participar do processo de criação e influenciar no resultado final. “A presença do cliente é imprescindível para que a jóia seja feita de acordo com sua preferência” afirma.
A ourivesaria artesanal é o ofício também de Inácio Missagia (foto abaixo), que diz que a maioria dos seus clientes são atraídos não só pela beleza das peças.“ As minhas peças são procuradas também pelo valor, que é inferior em relação às peças de joalheria. Os clientes costumam ficar muito saitisfeitos com as jóias" garante. Foto: Mariele Velloso

A escolha das pedras preciosas é outro diferencial. Como o Brasil é rico em pedraria, há muitas opções. Atahualpa e Inácio trabalham com a Água Marinha, Topázio Imperial, Ametista e Granada, que têm grande valor comercial. “Procuro informar meus clientes s
obre a propriedade de cada mineral, de cada pedra, no momento da escolha da peça. E para isso recorro a pesquisas que estudam as reações dos minerais sobre o corpo humano” disse Atahualpa.

Apesar de trabalharem como as mesmas pedras, cada ourives usa uma técnica diferente. Inácio aposta na riqueza de detalhes do estilo rococó e aplica as pedras com solda. Já Atahualpa confere um estilo contemporâneo às suas criações, com a técnica da forja que crava as pedras através da pressão, sem o uso de soldas.

A arte da ourivesaria é para os ourives mais que um ofício, é uma paixão. Ambos concordam que a inspiração é a parte importante na produção das peças. “A fabricação de jóias é um trabalho de composição, precisa-se executar desde o design até a produção final da jóia. Essa relação é semelhante àquela que os demais artistas têm com a arte”, revelou Atahualpa.

Foto: Violeta Cunha

Tradição do Ofício

A ourivesaria é uma arte muita antiga, há registro de sítios arqueológicos no mar Egeu de 2500 a.C. No Egito já se produziam trabalhos altamente detalhados e os profissionais obtinham inegável prestígio perante os reis e toda a corte.

Existem hoje cursos de ourivesaria que capacitam cidadãos a exercer o ofício. “Eu fiz um curso, me apaixonei pela arte, e aperfeiçoei com a ajuda de um amigo”, explica Inácio. Já Atahualpa diz ter tido a sorte de aprender à moda antiga com o pai, um argentino que aprendeu o oficio na juventude e passou a tradição aos seus filhos. Com descendência da civilização Inca, o ourives revela: “Eu carrego a tradição da cultura andina. A relação do povo com as jóias não era uma relação de ostentação de riqueza, mas sim uma valorização da beleza que lembrava o Deus Sol”.

Foi o estilo contemporâneo das jóias de Atahualpa que atraiu a atenção de Rafael Honório, que encomendou suas alianças com o ourives. “Eu achei interessante porque pude participar do processo de composição das jóias, ficou exatamente como eu queria, fiquei muito satisfeito. A gente acaba desenvolvendo um sentimento pelas peças produzidas exclusivamente pra gente, personalizada.”contou o consumidor.


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