Ana Pessoa Santos e Renato Brunelli
Atividade na escola Caminho do Sol com a laranja Foto: Ana Pessoa |
O número de brasileiros obesos tem aumentado a cada ano, segundo o Ministério da Saúde. Atualmente, 15% da população sofrem deste mal. Além disso, as estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 70% das crianças de hoje estarão acima do peso quando adultos, caso não mudem seus hábitos de alimentação. “A obesidade é uma doença crônica definida pelo aumento excessivo de gordura corporal de origem multifatorial”, diz o mestre em saúde da criança e adolescente pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), professor Benedito de Oliveira Veiga, da Faculdade de Medicina de Barbacena.
Os hábitos das crianças é lembrado pela nutricionista Silvia Aline Furtado como um fator que influencia no aumento de peso. “O aumento da obesidade infantil acompanha uma tendência mundial de aumento na incidência de sobrepeso e obesidade. Esse fato acontece devido a mudanças no estilo de vida da população, como o maior consumo de alimentos de alta densidade calórica e redução da prática de atividades físicas”, explica.
O pediatra Yuri Caldas acrescenta que “a alimentação tem dois papeis fundamentais durante a infância: proporcionar os nutrientes necessários para o crescimento somático adequado, permitindo que atinjam o seu potencial genético de estatura e peso; e prevenir doenças que podem se manifestar ainda na infância, além de outras que podem ter inicio na infância e se manifestar mais tarde, já na fase adulta”.
A nutricionista ressalta que a adoção de bons hábitos alimentares envolve toda família. “Dessa forma a criança adotará uma rotina alimentar saudável de maneira natural. Uma vida ativa que inclua a prática de esportes e brincadeiras também tem grande importância, já que a maioria das crianças que se apresentam obesas tem relatos de uma vida sedentária”, diz.
Veiga lembra que “pessoas obesas são vítimas em potencial de doenças”. Segundo o médico, “o excesso de peso causa 40% de doenças coronarianas, além dos riscos de hipertensão, dislipidemias, varizes, hérnias com repercussões psicológicas, morte prematura por diabetes, entre outros, diz”.
A dona de casa Janaina Carla Flores Belo Souza tem uma filha de 12 anos que está acima do peso ideal e conta como é difícil fazê-la comer melhor. “Eu tento estimular minha filha a sempre comer frutas e verduras, mas ela sempre come besteira na rua e na escola”. Para ela, “é fundamental toda escola, não só as particulares, terem um nutricionista fazendo o cardápio da merenda”.
A diretora da escola infantil Caminho do Sol, Liliane Aparecida dos Santos Dutra conta que sempre trabalhou a questão da alimentação na escola e tenta estimular o lanche saudável. “Nós estabelecemos junto com as famílias que, toda quinta-feira, as crianças trarão frutas e vamos tentar encontrar uma forma lúdica do consumo da mesma. Além disso, começamos a trabalhar com as crianças maiores, do quarto e quinto ano, o consumo antes das atividades físicas”, diz. Ela ainda ressalta que “é preciso uma campanha muito grande, porque não existe mesmo esse cuidado com a alimentação”, explica.
Ivan Augusto Assunção, diretor administrativo do Centro Educacional Frei Seráfico, que possui turmas do primeiro ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio, diz que “chegamos à conclusão que o que a gente mais precisa fazer é mudar hábitos alimentares”. Para ele, “o caminho mais viável é fazer um trabalho de orientação e educação das crianças e principalmente dos pais, com a ajuda dos professores”, comenta.
Leis regulamentam o cardápio das cantinas
A lei federal n°11.947, de 16 de junho de 2009, e a estadual n° 18.372, de 4 de setembro de 2009, normatizam a alimentação escolar. Segundo a lei estadual, “os lanches e as bebidas fornecidos e comercializados nas escolas das redes pública e privada do Estado serão preparados conforme padrões de qualidade nutricional compatíveis com a promoção da saúde dos alunos e a prevenção da obesidade infantil”.
Dez passos para uma alimentação saudável
Segundo Furtado, “a alimentação adequada para as crianças é aquela que atende às suas necessidades de energia, proteínas, vitaminas e sais minerais”. Ela ressalta que para isso é necessário “o uso diário de alimentos como leite e seus derivados, carnes magras, ovos, cereais, leguminosas, verduras, legumes, frutas e, em menores quantidades, gorduras e açúcares”, e ressalta que “os pais devem ainda controlar o uso de guloseimas como balas e refrigerantes, para que seu consumo não se torne habitual”.
Com o objetivo de ajudar as pessoas a escolherem alimentos saudáveis na hora de se alimentar, o Ministério da Saúde lançou os “Dez passos para uma alimentação saudável”. Confira abaixo;
1. Faça pelo menos três refeições (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições.
2. Inclua diariamente seis porções do grupo dos cereais (arroz, milho, trigo, pães e massas), tubérculos, como as batatas, e raízes, como a mandioca, nas refeições. Dê preferência aos grãos integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.
3. Coma diariamente pelo menos três porções de legumes e verduras como parte das refeições e três porções ou mais de frutas nas sobremesas e lanches.
4. Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom para a saúde.
5. Consuma diariamente três porções de leite e derivados e uma porção de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis!
6. Consuma, no máximo, uma porção por dia de óleos vegetais, azeite, manteiga ou margarina.
7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas e outras guloseimas como regra da alimentação.
8. Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa.
9. Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de água por dia. Dê preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições.
10. Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.
Fonte: Ministério da Saúde
Veja Liliane Aparecida dos Santos Dutra falando sobre a alimentação e a educação finançeira em sua escola.