Thayná Faria e Rômer Castanheira
O auxiliar administrativo, Anderson Magalhães, 27, e o operador de telemarketing, Yan do Carmo, 21, que namoram há um ano e meio, já tem planos para o futuro: morar juntos e oficializar a união perante a justiça, o que seria impossível até um mês atrás, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável também para os casais homossexuais. Yan acredita que o fato é “uma grande conquista. Com isso a cada dia vamos conseguindo conquistar o nosso espaço. [A decisão] Nos dá o direito de sermos respeitados pelas pessoas, que nos possam ver não apenas como parceiros mais sim como um casal”, afirma.
Carlos Bem, presidente do MGRV |
A decisão do STF faz com que a união homoafetiva seja reconhecida como uma entidade familiar e, portanto, regida pelas mesmas regras que se aplicam à união estável dos casais heterossexuais. Para Carlos, um avanço e fortalecimento da luta dos grupos LGBT organizados. “Somos família. Do nosso jeito, da nossa forma de amar, da nossa forma de ser. Isso é família. Antes da decisão do STF nossas uniões eram consideradas sociedade, como se eu e meu companheiro tivéssemos aberto uma empresa e registrado no cartório. Esse procedimento não garantia igualdade de direitos. Em caso de separação não era julgado na Vara de Família, não eram garantidos os direitos civis. Era apenas um procedimento administrativo usado para questionar depois judicialmente todas as questões envolvendo essas uniões”, diz.
O casal Anderson e Yan |
Anderson e Yan esperam que a decisão do Supremo sirva também para uma outra conquista, diminuir os casos de homofobia que, até hoje, não é considerada como crime no Brasil. “Acredito que sim [que casos de homofobia diminuam]... Algumas pessoas mesmo que não entendam os homossexuais, irão nos respeitar pela lei”, diz Anderson.
I Marcha contra homofobia em São João Del-Rei
No último dia 17 de maio, aconteceu em São João Del-Rei, a I Marcha Municipal Contra homofobia. Os militantes, que partiram da Avenida Presidente Tancredo Neves em direção a Prefeitura Municipal, reivindicaram a criação de uma Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania além da execução de políticas de defesa e proteção dos direitos de grupos minoritários. A data da manifestação é um marco para o Movimento LGBT, pois, nesse dia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade do Código Internacional de Doenças. Em São João Del-Rei, a data foi instituída como Dia Municipal Contra a Homofobia . No dia seguinte os militantes seguiram para Brasília onde aconteceu a II Marcha Nacional Contra a Homofobia.