terça-feira, 17 de maio de 2011

Altos preços marcam o setor imobiliário de São João del-Rei

Carol Argamim Gouvêa e Íris Marinelli

Não existem muitas diferenças entre alugar um imóvel no centro de São João del-Rei ou em Ipanema, bairro nobre do Rio de Janeiro. Não quando o assunto é o preço. Um apartamento de três quartos no famoso bairro carioca pode ser alugado por menos de R$2300, enquanto que, no centro de São João del-Rei, o valor pode ser maior até para um imóvel com menos cômodos, chegando a R$ 2.500. O alto preço das moradias na cidade pode ser verificado em várias áreas, principalmente no centro e nos bairros próximos aos campi da UFSJ.
Segundo Arlene Fróes, proprietária da Imobiliária JFróes, a procura é maior que os imóveis disponíveis. “A oferta está insuficiente e a procura é muita, e continua aumentando”. Outro problema, segundo ela, é a limitação para quem quer construir, porque a “cidade é histórica e isso acaba prendendo as pessoas.” Os prédios, por exemplo, não podem ter mais de cinco andares e existem inúmeras exigências arquitetônicas para a construção ou reforma em áreas tombadas pelo patrimônio.
Vista parcial de SJDR. Foto: Marcelo Alves

A expansão da Universidade Federal de São João del-Rei multiplicou o número de estudantes na cidade, o que aumentou a procura por aluguel de casas e apartamentos. Além disso, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de São João del-Rei, Valdeci da Silva, explica que o programa da Caixa Econômica Federal, Minha Casa Minha Vida, facilitou a compra de moradias: “Com o programa da Caixa é muito mais barato comprar do que alugar uma casa e as pessoas de São João estão comprando mais”.
Outro motivo para o alto preço no setor imobiliário é que o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), que regula os aluguéis, teve um salto em 2010 e só começou a baixar novamente no começo desse ano, como explicou Arlene Froés. Entretanto, segundo o proprietário da Del-Rei Imobiliária, Francisco Marcos Mendonça, o aluguel na cidade não está tão caro, já que o percentual varia de 0,5 a 0,6% sobre o valor total do imóvel. “Os imóveis da cidade são bem valorizados e o que cobramos ainda não atingiu um preço muito alto”, explica Mendonça.
A esteticista e moradora da cidade há vinte anos, Maria Auxiliadora Neves, discorda de Mendonça: “Não se encontra um bom apartamento por menos de R$1200. Esse valor é absurdo, considerando as condições dos imóveis”. Maria Auxiliadora afirma que procura há anos um apartamento melhor e não consegue encontrar devido à concorrência com os estudantes. “São João del-Rei é uma cidade pequena, não tem infra-estrutura para receber o número de estudantes que vem recebendo. Agora que estão começando a construir mais apartamentos com mais espaço, melhorar as ofertas”, explica.
O auxiliar de escritório da Imobiliária Líder, Anderson Luiz, afirma que muitas vezes os proprietários preferem alugar para estudantes, pois “podem colocar um preço maior pelo fato de que os estudantes dividem o aluguel e não se importam em pagar um pouco mais”.

A construção civil em SJDR

Não existem dados concretos do número de obras em andamento na cidade. Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de São João del-Rei, Valdeci da Silva, muitas obras particulares não contam com o auxílio de construtoras e não possuem registro, o que dificulta a quantificação do número de construções. Entretanto, o presidente afirma que foi verificado um aumento considerável no setor, devido principalmente às construções de prédios da UFSJ, do novo fórum e de casas populares em alguns bairros da cidade.
Existem aproximadamente 20 construtoras na cidade. Porém, boa parte das obras do governo, que são a maioria, é feita por construtoras de outras cidades, que vencem licitações com maior facilidade que as locais. Isso faz com que o setor não gere tantos empregos em São João del-Rei, já que os trabalhadores vem dos municípios de origem da construtora.
Segundo o proprietário da são-joanense EA Construtora, Paulo César Ramos, a construção civil vive uma boa fase. “Os programas da Caixa abriram muitas facilidades. No momento temos três casas e três prédios em construção”, conta.

Moradora da cidade conta das dificuldades de ser vizinha de república:


Moradores da cidade contam suas dificuldades de alugar um imóvel:

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